SELEÇÃO DA ÁREA DE PLANTIO
O desenvolvimento do cedro australiano clonal tem sido excepcional, sendo que as plantas passam de 3,0 m aos 12 meses de idade. Aos 3 anos de idade as árvores passam de 10 m. Informações de clientes de outros estados (São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro) mostram que o desempenho está sendo igualmente surpreendente. Inventários feitos mostram produtividade anual entre 17m3 e 37m3 por hectare. Essa é a nova realidade da cultura, que antes do material clonal produzia em média 12m3/ha/ano.
Para se conseguir uma floresta com boa produtividade, deve-se estar atento às condições de solo, clima e precipitação locais. Alta produtividade requer solo fértil e regime pluviométrico adequado, sendo que a altitude e temperatura não são, portanto, os principais fatores limitantes. A qualidade das mudas de cedro australiano também é muito importante. Também são necessárias estradas até o local de plantio, por facilitarem as operações de plantio, colheita e remoção da madeira. EVITE áreas de difícil acesso.
Para a escolha da área onde será implantada a cultura recomenda-se atenção aos seguintes itens:
Impedimentos físicos
A área ideal tem solos profundos, livres de impedimentos físicos como cascalho e principalmente lajes. Estes problemas não podem ser contornados. . EVITE solos compactados, arenosos e de baixa fertilidade. Escolha solos sem pedras ou cascalho. Mesmos solos pouco pedregosos não são recomendados, pois representam um impedimento para o desenvolvimento das raízes. Verifique se a área possui SOLOS PROFUNDOS. Formações rochosas na camada subsuperficial agem como impedimento e podem comprometer também a sustentação das árvores.
Cortes nos solos com impedimento físico.
Fertilidade
O cedro australiano se desenvolve melhor em solos aluviais, próximos de rios e ao pé de encostas, em latossolos bem corrigidos, férteis e eutróficos (V% entre 50% e 60%). Solos de textura média (nem muito argilosos, nem muito arenosos) são ideais, pois respondem bem ao trabalho de correção e fertilização. Solos muito argilosos requerem grandes quantidades de fertilizantes, e solos muito arenosos requerem a reposição de fertilizantes com mais frequência. Solos de maior fertilidade são os mais adequados. São popularmente conhecidos como “terra de cultura”.
A correção do solo é necessária para o plantio do cedro australiano. NÃO PLANTE em solos ácidos.
Drenagem
Escolha áreas com solos bem drenados para o plantio, pois as raízes não suportam encharcamento. EVITE o plantio em áreas de preservação permanente – APP (entorno de nascentes, margens de cursos d’água, topos de morros, áreas com declividade acentuada): além desta prática ir contra a legislação, a espécie NÃO TOLERA o ambiente encharcado típico das margens dos rios.
Uso anterior do solo
O plantio em áreas recém plantadas com alguma cultura apresentam maior desenvolvimento e vigor do que em áreas brutas. Isto ocorre devido ao fato das áreas terem recebido tratos culturais como adubações, calagens ou gessagens. Solos recém plantados com milho e café apresentam excelentes resultados para a cultura.
Temperatura
Áreas livres de geadas (suporta geadas leves de curta duração) e sem recorrência de chuvas de granizo. O cedro é sensível a geadas fortes e constantes. EVITE áreas com histórico de geadas ou chuvas de granizo periódicas.
Altitude
Altitudes até 1200m (desde que não sejam solos rasos ou campo).
Topografia
A topografia do terreno não interfere na qualidade e produtividade da floresta, mas a impossibilidade de se mecanizar as operações aumenta o custo de implantação e manejo da floresta, assim como o custo da colheita e remoção da madeira. Esse fator pode inviabilizar projetos florestais com espécies cuja madeira têm menor valor no mercado, como o eucalipto, mas não é o caso do cedro australiano ou de outras espécies tropicais de alto valor.
Precipitação
Evite áreas em que a precipitação seja inferior à 1300 mm de chuva para plantios não irrigados. Regimes de chuvas bem distribuídos durante o ano resultam em maior produtividade. O Período máximo de estiagem deve ser de 6 meses.
É recomendado o acompanhamento diário das chuvas após plantio com o uso de um pluviômetro.
Sistemas Agrosilvipastoris (Integração Lavoura,Pecuária e Floresta)
O crescimento rápido da planta permite o consórcio com outras atividades: agrícola, já no primeiro ano, ou pecuária, a partir do segundo ano, o que reduz os custos com a manutenção da floresta e gera renda antecipada. Para a implantação de consórcios, ou sistemas agroflorestais (SAFs), são recomendados espaçamentos maiores, que permitem a mecanização e aumentam a insolação na área. Um bom exemplo é o consórcio com o café, que tem mostrado grandes resultados para ambas as culturas, com o cedro se beneficiando dos tratos do café e com a melhoria das condições do sítio e o café apresentando melhor qualidade (“bebida”).
Coleta e análises de solos
Para análise de solo de espécie florestais, é sugerido que sejam coletadas amostras de solo em duas profundidades por ponto (0-20 e 20-40 cm), sob os seguintes critérios (exemplo de coleta para o talhão 1):
-Defina os talhões onde você vai coletar as amostras. Áreas de vegetação muito diferente, presença de cascalho ou mudança na coloração do solo implicam em talhões diferentes.
-Dentro do talhão, escolha os pontos de coleta através de um caminhamento em zigue-zague, de forma a coletar pontos em diversos locais da área, de forma que ela fique bem representada.
-Colete pelo menos 5 pontos por hectare.
-Limpe o excesso de vegetação da superfície expondo o solo, sem raspá-lo. Colete a mesma quantidade de solo em cada ponto.
-No caso de usar uma cavadeira, lembre-se que a terra deve ser removida da lateral do buraco ao longo da profundidade amostrada, e não somente do fundo ou da superfície. O ideal é usar trado ou sonda.
-Após a coleta, remova o excesso de matéria orgânica como galhos, mato ou raízes da amostra. Misture bem as amostras e retire aproximadamente 400g para enviar para o laboratório.
Exemplo para 1 talhão:
Profundidade: | Talhão | n de pontos de coleta | Código amostra | Análises |
---|---|---|---|---|
0-20 cm | T1 | 5 a 7/ha | 0-20-T1 | Fertilidade, alumínio, matéria orgânica, textura, sódio, V%, m%, enxofre, micros (boro, zinco, ferro, manganês e cobre) |
20-40 cm | T1 | 5 a 7/ha | 20-40-T1 | Fertilidade, sódio, alumínio, textura, V%, m%, enxofre, micros (boro, zinco, ferro, manganês e cobre) |
Observe que a amostra deve ser composta (mistura de 5 a 7 pontos por hectare nas profundidades indicadas) e retirada com trado ou sonda.
Procure a ajuda de um engenheiro agrônomo ou técnico agrícola para efetuar a coleta.
Mais informações nos links:
http://www.dcs.ufla.br/folders/Folder%20Analises.PDF
http://www2.ipni.net/ppiweb/DiagNutricional.nsf/ColetaSolo?OpenPage